Manny Pacquiao (FIL) venceu Joshua Clottey (GAN) por decisão unânime (120-108, 119-109, 119-109)
Dia 13 de março de 2010 deveria ser o dia em que eu (e os fãs de boxe no mundo inteiro) veria Manny Pacquiao enfrentar Floyd Mayweather Jr e decidir quem é o melhor lutador peso por peso do mundo nos últimos 30 anos. Por conta da polêmica do anti-doping, fomos impedidos de ver a luta. Colocaram então Clottey goela abaixo do povo. Tudo bem, o ganês não era um mosca morta, era um lutador duro. Mas Pacquiao chegou a um nível que transforma bons adversários em pulhas.
Diante de 50.994 pessoas presentes ao magnífico Cowboys Stadium em Dallas, Joshua começou a luta com uma tática que parecia ser excitante: com a guarda muito alta e muito fechada, evitava ser atingido com contundência, visando cansar o adversário. Imaginei que ele lutaria um tempo assim para depois se abrir e buscar o nocaute. Ledo engano. Primeiro porque Manny Pacquiao é uma máquina e não se cansa. Segundo – e mais triste -, Clottey atuou como um covarde.
A defesa do desafiante parecia bloqueio russo ou búlgaro no vôlei, um paredão difícil de ser atravessado. A grande maioria dos golpes de Pacquiao disparados na altura da cabeça atingiram as luvas de Clottey. A solução encontrada pelo campeão foi atingir com ganchos o corpo do oponente, principalmente fígado e baço, contando com sua velocidade inacreditável e movimentação quase poética no ringue. Lançando algumas belas e extremamente velozes combinações, Pacquiao contou com a ajuda de Joshua, que praticamente escolheu não enfrentar o campeão, optando por sair do ringue sem ser nocauteado, fato raro na carreira de Pacquiao nos últimos anos. O ganês praticamente não veiculou nenhum movimento ofensivo durante toda a luta. Cada soco disparado pelo ganês era respondido por quatro, cinco e até seis do filipino. A tática de Joshua não parecia fazer eco no treinador Lenny DeJesus. Em várias oportunidades ele falou para seu pupilo começar a lutar, dizendo que estava perdendo todos os assaltos. E nada fez Clottey mudar a postura.
Mas vocês querem um resumo da luta? Multipliquem o parágrafo acima por 12 e chegarão ao resultado final que eu vi, de 120-108 para Manny.
Gostaria de saber qual assalto dois dos juízes apontaram a favor do desafiante. Na minha contagem (e na de Kevin Iole, Dan Wetzel, Michael David Smith e de outros jornalistas de renome), o campeão levou todos por 10-9, o que soma 120-108. As estatísticas mostram o abismo que se viu no ringue: enquanto o filipino acertou 246 de incríveis 1231 golpes lançados, Clottey acertou 108 de ridículos 399. Ou seja, o ganês lançou menos de um terço dos socos de Pac-Man.
Sendo assim, então eu pergunto: será que alguém vai comprar ingresso ou pay-per-view da próxima luta do Pacquiao se o adversário não for o Mayweather? As lutas de Pac-Man são legais de assistir, mas não há competitividade para o filipino. O que o ganês fez hoje foi lamentável. Ele tem talento para enfrentar o filipino, mas não teve vontade. E isso é inadmissível. O treinador de Pacquiao, Freddie Roach, deu voz aos nossos pedidos depois da luta:
“Floyd, deixe-os definir as regras. Entre no ringue e lute conosco. Manny hoje me mostrou como ele atravessaria a defesa de Mayweather. Nós vamos atravessá-la.”
O cinturão dos meio-médios da OMB continua de posse de Pacquiao, assim como a coroa de melhor peso por peso da atualidade. Mas até quando vamos vê-lo tripudiar de adversários que não tem qualidade para oferecer-lhe risco? Até quando seremos privados de ver Pacquiao vs Mayweather?
Por:Alexandre Matos
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